quarta-feira, novembro 11, 2009

Mama África, é mãe solteira.

E tem que fazer mamadeira todo dia, além de trabalhar como empacotadeira nas Casas Bahias.

Fato é que, quando escreveram essa música estavam pensando em mim. Ser mãe não é a mais fácil das missões, como já explanei por aqui, mas ser mãe solteira dificulta um pouco mais. Talvez eu tenha demorado muito para falar sobre isso por aqui, pois é um assunto que não envolve apenas o meu território, mesmo que não cite nomes, vou estar falando também da vida de outra pessoa. Para quem acha que eu vou soltar farpas e explicitar mágoas, não precisa nem ler o resto do texto, não existe espaço para isso nem no meu blog, nem na minha vida.

Então, sente-se, fique a vontade e se delicie (ou não).

E certo dia você fica grávida, e chora, chora de medo, de terror, de pavor, de medo mais uma vez. E decidi, como unica opção (jamais passou na minha cabeça a outra "opção") que vai se alegrar e ter o bebê. Depois do susto inicial, os questionamentos mais comuns; é menina ou menino? será que vai parecer comigo ou com o pai? porque o dia de ter não chega logo?

A ansiedade vai tomando conta da gente, aos quatro meses descobrimos: é uma menina! E eu não poderia ter ficado mais feliz por mim, era meu sonho, uma futura companheira de aventuras. E os meses vão passando, a barriga vai crescendo e só você se dá conta de que ali está sendo gerado uma nova vida. Alguém que vai depender de você, que precisa de você, como ninguém jamais precisou. Mas, seria um momento para ser curtido a dois, e não foi.

A grande dificuldade em ser mãe solteira, é ver a sua vida, antes pseudo-organizada se transformar em uma montanha russas de emoções, o fim de um relacionamento longo, porém conturbado e problemático, transformou as minhas manhãs felizes em tristeza, alguns poucos dias tranqüilos viravam pesadelos horrendos ao longo das descobertas e das pessoa mau intencionadas que me tiraram o sono, a paz de espírito e, em certos momentos, o amor pela vida. Mas tudo não passou de uma fase, uma fase negra na minha existência, mas como toda fase, passou.

Com a chegada do grande dia, o que era um jardim morto, se transformou em uma grande rosa amarela. Não precisava mais de um jardim, apenas essa rosa me traz felicidade, me completa, me alimenta, ela me trouxe um carrossel de luz, me tirou a tristeza, me ensinou a voar sem tirar os pés do chão.

Obviamente que nem tudo são flores, nem tudo é sempre tão colorido, mas ao apagar das luzes ela brilha, e me traz mais uma vez a certeza de que nada poderia ser diferente. Ser mãe solteira é ser a unica responsável, não perante a lei dos homens, mas perante a lei da vida. É se sentir culpada pelo choro, pelo riso, pela queda, pela febre, e como diz um querido amigo: "mãe já nasce com culpa, é eterna, não precisa se preocupar, com o tempo você vai saber lhe dar.", e é assim que tem sido. Alguns dias me culpo mais, outras menos, mas nunca deixo de rodopiar no salão com ela, ensinando o pouco que sei e o muito que posso. Tenho em mim a responsabilidade de fazer da minha filha uma pessoa unica.

E que ela aprenda, assim como eu aprendi, que os momentos ruins nos fazem amadurecer, crescer, encontrar a felicidade nos pequenos gestos, dar valor as pessoas certas, e dedicar amor a quem merece amor, a quem deseja amor e a quem te devota o mesmo sentimento.

Eu tomo conta dos nossos sonhos, minha filha. Eu velo pelo teu sono, eu luto pelo teu sorriso, eu saberia atravessar um deserto por amor, por você. Eu saberia te curar de uma dor, apenas com o meu afago, eu poderia engolir tuas lágrimas para que elas nunca mais brotassem dos teus olhos, te daria meus sorrisos para que nunca deixasse de alegrar a todos que estão a sua volta. Você é o centro de tudo!

E mesmo sendo mãe solteira, tenho a certeza de que não mudaria nada, absolutamente nada para ter você assim ao meu lado. Só minha, mas minha!

6 comentários:

Felicidade Clandestina. disse...

Que coisa maais linda *__*
Escrevestes com a alma agora . Senti daqui ♥

Sou louca pra ser mãe.
:** Beijos mil.
Linda flor esta do teu jardim o/\o

Rayra Reis disse...

Amiga,
Chega a ser engraçado como me identifico com o texto que você escreveu.
E só nós que somos mães, solteiras, sabemos o valor de cada palavra que você escreveu hoje.
Ainda bem que temos a certeza que podemos compatilhar qualquer momento, junto com nossos filhos, mostrando a eles que jamais estarão só!

Compulsivo disse...

Me separei dos meus filhos, pois o relacionamento com a mãe deles não dava certo, mas mesmo assim foi contra minha vontade. Preferia esperar mais tempo até que eles crescessem um pouco mais (tenho um menino de 4 e uma menina de 2 anos).

Sofro muito com saudades deles. Todos os dias penso neles e choro... Vejo eles todos os finais de semana e sei que eles não sentem tanta falta de mim, quanto eu sinto deles. Ou prefiro pensar assim, não sei ao certo.

Filhos são uma dádiva, os meus não foram planejados, e como você escreveu também passei pelo pânico inicial, mas depois não faz diferença, se é planejado ou não. É um pedaço da gente, o melhor pedaço eu diria, a destilação de tudo que há de bom em nós. Nos faz sermos pessoas melhores...

Como pai, só caiu a fixa quando peguei meu mais velho no colo. Indescritível, naquele momento a ficha caiu, foram 9 meses, todos de uma vez só.

Sem dúvida o nascimento do meu primeiro filho foi o momento mais emocionante da minha vida, uma coisa que só se pode entender quando se passa por isso.

Crianças são tudo de bom, ficar longe delas é ruim demais...

[]'s
Compulsivo

Marina Fiuza disse...

Olá! Já faz alguns dias que eu quero vir aqui te conhecer,como faço com todas que seguem o "mãe-solteira recém-casada". Mais uma vez, encontro outra que divide um pouco da mesma história que a minha. Os blogs tem me mostrado a cada dia que nós somos todos bichos da mesma espécie: mães de mãenicômio. Os medos, AS CULPAS se repetem e saber que não estamos sozinhas neste mar de insegurança faz um bem danado. Preferi no blog não falar das origens da minha solteirice,porque preferi falar de presente e de futuro. Mas não deixe de ler ADORÁVEL INTRUSO. E tenha,sim, esperanças. Eu também já pensei que nunca teria ninguém... e cá estou eu, casada e com minha vida de propaganda de margarina (leia o primeiro post de todos do blog). Culpe-se menos. All you need is love.

PS: Qualquer dia escrevo sobre as vantagens de ser mãe-solteira. Elas existem aos montes (as vantagens), viu?! =)

Marília de Barros disse...

Amigaaa,
muito lindo seu texto! Na verdade, lindo é vc abrir seu coração assim! Fico felicissima de ver que apesar de tudo que vc passou pra ter lara, ela é uma recompensa que valeu a pena! É linda, risonha, e te ama tanto! Que Deus abençoe vcs sempre e que sempre me permita estar por perto. Te amo demais, e larinha tb.

Natália disse...

Uau, não tinha visto esse aqui!
Coisa maravilhosa essa sua visão dos fatos!
Acho que toda mãe na fase inicial do "desespero" deveria ler isso aqui......

Bjs e felicidades para vocês duas, SEMPRE!