domingo, janeiro 10, 2010

Sentir,

Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe o paladar,
E se a terra fosse uma cousa para trincar
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se,
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...

Alberto Caeiro

2 comentários:

Natália disse...

Lindo poema. Se não for muito gostaria de te pedir para mudar os seus comentários para janela pop up, pois no modo que está dá muitos erros e tanto eu quanto outras pessoas tem uma dificuldade para comentar. Ex: no post passado tentei comentar, mas deu erro e saiu da página do teu blog. Beijos e desculpa alguma coisa!

laís sampaio disse...

nem tudo é dias de sol!