sexta-feira, outubro 15, 2010

Como ser uma mãe empreendedora.

Desde o lançamento da Cia das Mães, em abril de 2010, recebemos mais de 250 e-mails de mães empreendedoras brasileiras compartilhando suas histórias de superação diante da crise maternidade x trabalho. Em todas as histórias, em algum momento, apareceram expressões como “graças a isso” ou “se não fosse aquilo” para pontuar algo essencial ao processo de cada uma. 

Relendo estes e-mails e conversando com o grupo de empreendedoras da Cia das Mães, conseguimos identificar 10 coisas, materiais e imateriais, que toda mãe empreendedora precisa ter pra dar conta do recado. Confira! 

Computador com internet

Essa dupla está mesmo mudando o mundo e revolucionando a vida das mães. Graças à internet, hoje temos acesso à informação adequada (direto da fonte), trocamos objetos e ideias com nossas iguais, valorizamos nosso papel social e nos mobilizamos em nome de interesses comuns. 

Quem é mãe e usa a internet sabe a força que recebe das redes virtuais, sejam elas de informação, de relacionamento ou de trabalho. E as mães que ainda não usam precisam se conectar urgenteMENTE, porque hoje em dia lugar de mulher e de mãe não é mais na cozinha, mas na internet (é daí que vem o slogan da Cia das Mães: “porque lugar de mãe é na internet”). 

Celular
Seja smart ou tradicional, é impossível ser uma mãe empreendedora sem telefone celular. Aqui na Cia das Mães, como o trabalho é quase 100% online, os smartphones são a base móvel da empresa e permitem, por exemplo, que a Roberta controle os e-mails nos intervalos dos ensaios da Orquestra Municipal de São Paulo (seu segundo trabalho), que a Kátia fique atenta aos e-mails enquanto cuida da sua bebê e que a Dani passe uma semana na praia com as crianças sem abandonar o trabalho. 

A mobilidade é a principal vantagem do celular, mas não a única. A Silvia Folqueto, dona da Livraria em Branco, usa o alarme do celular para controlar o tempo das suas atividades durante o dia e a Yoko Hibino, da Ismália Queria, usa para ouvir música, item essencial no cotidiano dela. 

Apoio do marido ou da família

Este foi o item mais lembrado nos e-mails que recebemos. Dezenas de mulheres disseram frases como “consegui graças ao apoio do meu marido” ou “se não fosse o apoio da minha família, não teria conseguido”. 

É muito provável que, além de um anseio individual, o “projeto mãe empreendedora” seja também um acordo entre os casais ou núcleos familiares diante das demandas das próprias crianças por suas mães. Todos percebem como as crianças ficam mais calmas e satisfeitas emocionalmente quando têm seus pais ou pelo menos a mãe por perto, mesmo que não em tempo integral. 

Apoio do marido ou da família nem sempre quer dizer que eles vão sustentar a casa para que a mãe empreendedora viva como uma madame. Há sempre um acordo temporário firmado entre as partes, onde a mãe empreendedora se compromete a trabalhar duro que o negócio comece a gerar renda o mais rápido possível. 

Em outros casos, a mãe empreendedora continua trabalhando fora para pagar as contas junto com o marido, mas conta o apoio dele para cuidar dos filhos mais de perto enquanto o negócio está começando e ainda não gera renda suficiente. Ambos os casos acontecem conosco, sócias da Cia das Mães. 

Ajudante em casa
Três é luxo, duas é conforto, mas uma ajudante doméstica é essencial para qualquer mãe empreendedora, a não ser que os filhos sejam maiores de 10 anos e colaborem nos cuidados com a casa e comida. 

“Uma ajudante do lar eficiente, que dê conta do serviço, é mais que uma mão na roda”, diz Ana Cris Duarte, do GAMA – Grupo de Apoio à Maternidade Ativa. “Mas não podemos ser extremamente exigentes, porque os outros nunca fazem exatamente como a gente faria”, ela lembra. 

Carregador de bebê (sling)

Quem tem bebê em casa sabe que eles reclamam mesmo! Não gostam de ficar muito tempo brincando sozinhos ou sentados no carrinho. Bebês querem colo! 

“É natural que eles queiram colo porque ficaram nove meses ‘no colo’, seguros pela barriga de suas mães, em contato com ela, ouvindo sua a voz”, diz a pediatra especialista em Aleitamento Materno, Honorina de Almeida (1). “Quanto mais colo esse bebê tiver, mais seguro ele será quando adulto”, completa. 

É cada dia mais comum ouvir dos médicos mais antenados com as recentes evidências científicas que colo faz bem, mas ninguém merece segurar um bebê nos braços o dia todo, né?! 

Então o caminho para a mãe empreendedora conseguir trabalhar com o bebê por perto é ter um carregador de bebê (sling) para poder dar colo quando o bebê precisar sem perder o movimento dos braços e mãos. Aliás, é super comum ver mães de bebês super craques em digitar com uma mão só no teclado, enquanto a outra distrai o bebê.

Perseverança

Na opinião da Beatriz Peres, empreendedora da Oras Bolas, o segredo do sucesso é a perseverança porque “infelizmente as coisas não dão certo da noite pro dia”, ainda mais em empresas de mães. 

Além de todas as dificuldades enfrentadas pelos micro-empresários brasileiros - altíssima carga tributária do país, concorrência desleal dos “made in China” -, as mães empreendedoras ainda têm de fazer os filhos crescerem e florescerem junto com a empresa. “Paciência é fundamental”, diz Cris Toledano, dona da Lilith. “A coisa vai tomando forma aos poucos, mas é preciso muito malabarismo”, completa. 

Que é possível, a gente sabe que é, já que as mompreneurs estão fazendo acontecer nos Estados Unidos e Canadá, mas certamente a curva de crescimento das nossas empresas tem um outro padrão. “Mas sem bom humor é impossível!”, conclui Fabi Diaz, da Feito à Mão. 

Organização

Muitas mães dizem que organização e disciplina são super importantes, mas a maioria admite que tem dificuldade com isso. “Para conseguir se organizar melhor, a mãe empreendedora precisa treinar o foco e a atenção, tentando fazer uma coisa de cada vez”, aconselha a psicóloga Solange Nogueira, dona na Clínica Solaris, em São Paulo. 

Andréa Vasconcelos, da Sampa Sling, dá a dica de uma pergunta-chave para organizar a atenção: “O que é mais importante agora?”. E a Silvia Folqueto, da Livraria em Branco, dá a dica do Método Pomodoro. “É incrível como ele otimiza o tempo e a produtividade”, diz ela. 

Flexibilidade

Como a rotina da maternidade é bastante marcada e fragmentada pelas necessidades das crianças (alimentação, atenção, lição, escola, entre outras coisas), as mães empreendedoras precisam de flexibilidade de horários para cumprir as demandas do trabalho e dos filhos. 

Geralmente o trabalho se divide em dois ou três turnos ao longo do dia até alcançar oito ou dez horas de dedicação, por exemplo: das 6h às 8h, das 13h às 17h e das 20h às 22h. 

Além de horários flexíveis, as mães empreendedoras precisam ter mentes super flexíveis (elásticas, multi-dimensionais, se possível!), porque com crianças por perto, o imprevisível é uma constante. “É preciso aprender a ‘mudar a chave’ com rapidez e tranqüilidade”, diz Ligia de Sica, dona da Bebechila. “A gente aprende a interromper uma tarefa de trabalho para fazer uma da maternidade e depois retomar o trabalho sem nenhum prejuízo”, completa. 

Um tempo sozinha 

Mesmo desenvolvendo estes “super poderes mentais”, a maioria da mães empreendedoras concordam que é fundamental tirar algumas horas do dia para ficar absolutamente sozinhas e mergulhar na criação, na produção ou na descontração (por quê não?). 

“Eu preciso ter o meu canto em casa pra pensar e um horário sem interrupção pra trabalhar”, diz Malu Carvalhaes, da Lulu Caju. 
“Eu preciso de um tempo para respirar e organizar o dia”, diz Roberta Cosulich, da Cosumann. 
“Eu preciso de pelo menos uma hora por dia lendo um bom livro”, diz Elisa Dal Ri Rosso, da Barriga de Pano. 

Permita-se "precisar de um tempo" você também! 

Xô, culpa!

O último item é algo que a mãe empreendedora NÃO deve ter: a culpa. Ele é um fantasma feio e malvado que apavora as mães em geral e têm uma leve preferência pelas mães empreendedoras. Quando ele te atacar, respire fundo, continue seu trabalho e mentalize o lema da Denize Barros, da La Reina Madre, que todos os dias tuíta: “Eu nasci para vencer!”. E boa sorte! 


PS: olha que engraçada a lista de “must-haves” da Yoko Hibino, dona da Ismália Queria, que diante das nossas conversas se sentiu uma E.T.: 

- mochila grande 
- jaquetinha leve 
- tênis 
- celular (o mais simples possível) 
- blackout na janela 
- qualquer aparelho que toque música 
- livros de contos pra poder ler picadinho 
- microondas 
- plantinha pra jardinagem de terapia 
- sala de cinema bom perto de casa 

“Será que sou uma ETreendedora?”, pergunta ela. Pode?! 

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